domingo, 22 de janeiro de 2012

Dois anos e um mês

Vinte e cinco meses e parece-me que a aprendizagem se desenvolve em espiral. Novas capacidades e habilidades, palavras e frases todos os dias. Este fim de semana, andou de triciclo, daqueles evolutivos que servem para empurrar e ser empurrado, e vi que chegou a altura de por mesmos os pés a mexer e passar ao pedal; sentou-se à nossa mesa às refeições, sabendo sempre que se não fica sentada só pode estar de joelhos na cadeira, nas nossas cadeiras, e para pedir o pão, ou a água, se diz "pu favô"; passeou num mercado ao livre enquanto comia uma maçã acabada de comprar a um produtor e meteu as mãos no tabuleiro das azeitonas de uma vendedora. Contou histórias, sozinha, e sabendo a história de cor, ao invés de ser o avô F. a contar foi a Rosarinho que nos contou a história, do Autocarro Mágico, várias vezes com as expressões e vozes com que ouve o avô contar. Dormiu bem à noite e mal as sestas e ainda quer o biberon à meia-noite. À vinte e cinco meses...

Saudades

Saudades das noites em que ia para a cama e se despedia de nós com um adeus, atirava beijos para o ar e enrolava-se nos lençóis, de rabo para o ar e, simplesmente, dormia. Agora é uma dor. Desde que começo a dizer que está na hora de ir lavar os dentes, as mãos, mudar a fralda, que se ouve um não temeroso, quando insisto para arrumar os brinquedos, os olhos começam já a ter lágrimas e, depois, é chorar, com as lágrimas a rolar, de pé, na cama e a chamar mãeeeeeee, enquanto hesito entre afastar-me logo, resoluta e calma, ou dar mais um mimo, um beijo, uma festa.
Começou uns dias antes dos dois anos, recordo-me de começar a notar a diferença em pequenos pormenores da rotina. A resistência tem aumentado e, se ainda não posso chamar uma guerra à hora de dormir, felizmente, o que me parte o coração é deixá-la chorar.
Eu sei, eu sei, ela chora durante cinco minutos, mesmo, contados no meu relógio, mas o que me doem esses tantos minutos! E depois desses minutos, as horas do dia em que ando a pensar se não estou a ser um coração de pedra por deixá-la assim, na cama, sozinha, no escuro, a chamar por mim, por companhia, por mimo. Depois ouço a voz da consciência e da razão, que é o pai, e que relembra, que ela não tem fome, não tem frio, tem mimo e amor durante todo o dia, está num quarto quente e confortável, não está deixada no escuro, mas aconchegada, confortável, com a porta entreaberta para nos ouvir e ver uma luz de presença. 
Então porque é que continuo a perguntar-me se é este o caminho, deixá-la na cama, mesmo que a chorar por um bocado, ou se devia ceder à escravatura do mimo e ficar a dar colo, sob pena ser raptada todas as noites, como os meus pais, que reclamam não ter dormido durante três anos porque eu sempre adormecia ao colo e sempre acordava quando me punham na cama? Porque é que então me pergunto se não estarei a embarcar em modas pedagógicas? Pode ser o melhor, sim, pode ser que não deixe os traumas que eu fico a imaginar que podem ficar, e, sim, vou persistir. Mas vou sob protesto! Ensinem lá uma mãe a negar mimo à sua cria e não ficar para morrer com o coração do tamanho de uma ervilha?...     

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Natal - quase no fim

Natal até aos Reis. Mas sinto a nostalgia e o vazio desta pós-época de festas. Este ano especialmente cheia, com os dois anos da Bolinha, a Consoada, o Dia de Natal, os anos do avô F. e a passagem de ano, tudo  menos de 10 dias. 
Foram muitos os planos para aproveitar estes dias e muitos ficaram pelo caminho, prontos a serem reciclados para o ano que vêm. Mas no meio da agitação constato o quanto cresceu. Cresceu em tamanho, disso não à dúvida, mas também a linguagem desenvolveu-se bastante, o raciocínio desenvolto, atento e muito curioso. Alegria, sempre muita alegria! Corre, ri, aprendeu a saltar e a cantar. E canta muito...!  Adora a família toda e as tias que andam sempre a visitar e a mimar. Chama por todos quando alguém toca à porta porque agora o bom mesmo é estar sempre em festa. De preferência com mais pejentes!